Número de mulheres fumantes em países em desenvolvimento tende a crescer
Além disso, pesquisa mostra que o fumo entre mulheres está relacionado ao humor.
AGÊNCIA NOTISA A Organização Mundial da Saúde estima que 250 milhões de mulheres em todo o mundo fumam diariamente. No estudo, O tabagismo e a mulher: riscos, impactos e desafios, pesquisadores da Universidade de São Paulo dizem que a previsão é de que, até 2030, 40 milhões de mulheres morram devido ao consumo de tabaco.
O estudo, liderado pela médica Elisa Maria Siqueira Lombardi, mostra que a prevalência de tabagismo entre as mulheres adultas está em declínio em países desenvolvidos como Austrália, EUA e Inglaterra. Porém, a tendência observada em países em desenvolvimento como Venezuela, Chile, Argentina e Peru, é de estabilidade ou até de crescimento nesse número.
A pesquisa, publicada no Jornal Brasileiro de Pneumologia em fevereiro, mostra também que, entre as mulheres jovens, a prevalência cresce mundialmente, sendo que em muitos países (Uruguai, EUA, Nova Zelândia e Costa Rica), há um predomínio de meninas fumantes em relação aos meninos.
No Brasil, o estudo mostra que os meninos ainda fumam mais. Em 2009, uma pesquisa do IBGE com jovens de 15 anos de idade ou mais revelou que, do total de 24,6 milhões de tabagistas estimados, 9,8 milhões eram mulheres, e 14,8 milhões eram homens. Além disso, a pesquisa mostrou que cerca de 76% delas começam a fumar antes dos 19 anos, taxa semelhante entre os homens, explicam os autores no artigo.
Sobre as causas do consumo de tabaco entre as mulheres, os pesquisadores da USP explicam que, na juventude, o fumo está relacionado à presença de colegas e familiares tabagistas. Já na vida adulta, eles citam três estudos que mostram que as mulheres fumam após experiências negativas de vida.
Nos últimos anos, com a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho, houve um acúmulo de responsabilidades muito grande, pois elas ainda permanecem como cuidadoras de seus lares e com a função maternal. Nesse sentido, o consumo de tabaco estaria associado a uma maior sensação de autonomia e de conquista do seu próprio espaço perante a sociedade e também como um mecanismo de escape emocional, explicam.
Diferenças sutis, porém significativas, segundo os pesquisadores, são observadas em relação às características da dependência nicotínica entre homens e mulheres. Eles explicam que, embora ainda seja motivo de controvérsia, diversos estudos sugerem que as mulheres têm maior dificuldade em parar de fumar do que os homens.
O comportamento da mulher fumante é mais influenciado por condicionamentos relacionados ao humor e ao afeto negativo, enquanto os homens são mais condicionados pela resposta farmacológica, regulada pelo consumo de nicotina. As mulheres também têm uma metabolização mais rápida da nicotina e apresentam uma maior prevalência de depressão do que os homens, fatores esses que podem explicar a possível maior dificuldade de parar de fumar com relação aos homens, dizem.
Para ver o artigo na íntegra, acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132011000100017&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt.